Sonhou com as pessoas e tudo o que teoricamente deveria merecer afeto. Muito além dos irmãos, pais, amigos, paixões, posses... No sonho tinha a capacidade de amar tudo o que existia. Assim poliamorosa, descobriu dormindo que esta é a única forma de amar a si própria. Mas num estalo, percebeu que se aproximava do egoísmo, porque amando a tudo era como se tudo no mundo se referisse a ela - ou mais que isso, que fosse parte dela. Esse amor maior revelou-se um egoísmo maior. Sentiu pavor desse paradoxo.
Acordou num sobressalto e tudo que conseguiu fazer foi afagar sem vontade sua gata carente e sentir desgosto pela cara amassada refletida no espelho. Abraçou o travesseiro novamente e foi sonhar com a Mega-Sena. Não nascera com síndrome de Jesus Cristo.
Um comentário:
Na minha primeira visita de verdade aqui, depois de revirar um pouco o que já existe, achei este o lugar/texto ideal para deixar meu quê de identificação, porque meus sonhos costumam ser por aí...
Adorei tua escrita!
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