Eu não saberia definir o que me atrai em você se não tivesse como testemunhos únicos o papel e a caneta. As sinapses já não ajudam, insistem em cair no lugar-comum você quando o correto seria desembocar num eu.
Não, meu umbigo não é o cais dos meus impulsos. A busca é mais por um eu coletivo, por uma unidade que se reflete em você, mas também nele, ou ali, ou quem sabe num outro além. É meu tesão pela humanidade que deveria reluzir em sua testa.
Nada de heroico nem aclamado pela coletividade. Quero, sem nem saber bem como querer, o instinto de sobrevivência e seu filho egoísmo, num convívio frágil com o jeito pueril e a necessidade de aprovação. Os erros, finalmente tolerados pelo meu superego bolchevique. Quero uma defesa imatura, que permita a invasão aos seus ridículos, para só assim tolerar os meus. Quero isso em você, mas também nele, ou ali, ou quem sabe num outro além.
Mas isso, nem você, ele ou mais ninguém precisam saber. Só o papel e a caneta.