domingo, 21 de fevereiro de 2010

Outro olhar

Mostrar a cidade para quem chama de pedaço de paraíso o que enxergamos como casa-trabalho-casa pode ser tão intrigante quanto a novidade que é para os que aqui chegam pela primeira vez. Mais que turistas, a velha amiga Manu e o novo amigo Lucas - pela companhia e pela "missão" que assumi com a vinda deles - também foram guias de um outro olhar para Florianópolis.

O verde-turmalina da água pareceu ganhar de volta o encanto perdido com a familiaridade. O trajeto centro-norte ficou mais longo, mas nem por isso mais cansativo, porque dele foi possível ver novamente o domínio da mata exuberante pouco valorizada pela vontade de chegar logo. Até a tatuíra asquerosa retomou a graça que tinha quando, aos dez anos de idade, era possível caçá-las ao lado da sinalização de mar bravo. E nem mesmo a falta de decisão do cidadão que deixou uma placa escrito "talvez eu venda" em frente à própria casa teria sido tão hilária.

Mas em se falando de Manu, a viagem também é sempre para dentro, como não podia deixar de ser com uma psicóloga - não a chamo de futura psicóloga porque a sensibilidade já está ali. Como sempre, a saudável mania de "vasculhar cada pedrinha do fundo dos nossos oceanos". Somado a essa visão profunda do outro, tembém fez companhia o senso de justiça tocante de Lucas, que me fez sentir menos envergonhada das próprias falhas morais do que deu prazer em reconhecer que essa dignidade ainda subsiste em algumas pessoas.

O incomum no que infelizmente passa despercebido: recuperei na cidade, relembrei nos amigos.


2 comentários:

Bruno Batiston disse...

Muito bonito, mas eu ainda não gosto de Florianópolis. Acho que, nessa viagem, eu só sei fazer (bem e demais) a parte do olhar para dentro, daí acabo não enxergando a cidade, nem os amigos... Desculpe o comentário literal sobre um texto literário, mas é bom saber que outro olhar é possível, para quem pensa em voltar. Talvez eu deva mudar, talvez eu deva me mudar, logo eu descubro. Ou será que a gente nunca sabe?

Luisa Nucada disse...

ah maíla, vc escreve lindamente!
Beijos!