quarta-feira, 21 de abril de 2010

Adeus a Midas?


Obsessões substituindo obsessões, num ciclo cármico. O sentimento é o mesmo aquele na gangorra pré-escolar, frente ao objeto superestimado, aos seis anos. Desde a troca dos dentes de leite, ainda não houve espaço nem para deixar de desejar, nem para transformar o desejo em realização duradoura. Os objetos desse impulso, embora eternamente substituídos, mantinham sempre a mesma aura.

Maldição oposta à de Midas: tudo o que lhe fosse palpável perdia o brilho áureo. Daí o fato de gostar de longe, e gostar só do que também gosta de longe e lhe nega presença. Quando dois Midas se encontram, o resultado é a repulsa. Experimentara esse resultado uma infinidade de vezes - não era uma questão de aprendizado, mas de natureza. Pavlov, aqui, não teria vez.

Talvez encontrasse, um dia, um rei amaldiçoado tão cansado quanto a si.

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