london calling...
should I stay or should I go?
quinta-feira, 31 de julho de 2008
terça-feira, 29 de julho de 2008
Só pra lembrar
que a felicidade não é um compromisso.
e que só quando nos esquecemos dela que ela nos faz uma visita.
e que só quando nos esquecemos dela que ela nos faz uma visita.
Café
... e do café tentava sorver a própria vida: sem o sangue negro, abatia-lhe a desonra do maior - e único - vício humano, a languidez.
sábado, 26 de julho de 2008
Deram-me
um par olhos novos. Disseram-me que os meus já estavam misturando as imagens, apesar de não perceber.
São belos olhos amarelos, quase dourados. Estou com eles em mãos agora, e eles me miram como que tentando hipnotizar-me. Suas pupilas vão dilatando vagarosamente, envolvendo-me em seu abraço devorador.
Deram-me um par de olhos para que eu os veja como eles querem que eu os veja.
Acho que prefiro vê-los misturados. Sem contorno, sem maniqueísmo.
Guardei os olhos gateados numa caixinha delicada e deixei-a na rua. Talvez alguém faça mais proveito de uma visão de mundo mais nítida e identificável. Por mim, continuo andando por entre névoas.
São belos olhos amarelos, quase dourados. Estou com eles em mãos agora, e eles me miram como que tentando hipnotizar-me. Suas pupilas vão dilatando vagarosamente, envolvendo-me em seu abraço devorador.
Deram-me um par de olhos para que eu os veja como eles querem que eu os veja.
Acho que prefiro vê-los misturados. Sem contorno, sem maniqueísmo.
Guardei os olhos gateados numa caixinha delicada e deixei-a na rua. Talvez alguém faça mais proveito de uma visão de mundo mais nítida e identificável. Por mim, continuo andando por entre névoas.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Páginas ao vento
Aquela sensação de desamparo, terminada a última página de um livro bom.
Pior que ela, é a de ter lido só o prólogo e saber que nunca mais o livro voltará às mãos.
Pior que ela, é a de ter lido só o prólogo e saber que nunca mais o livro voltará às mãos.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Outro
Outros ares,
ainda que infectos.
Outras matizes,
ainda que opacas.
Outras faces,
ainda que distantes.
O que importa é o contato com o alheio.
ainda que infectos.
Outras matizes,
ainda que opacas.
Outras faces,
ainda que distantes.
O que importa é o contato com o alheio.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Do mar
terça-feira, 15 de julho de 2008
Cervos, dentes e tigres
Tem momentos em que a pasmaceira é tão grande quanto o instante em que o cervo, já milimetricamente analisado pelo tigre, esquece-se de sua posição desprivilegiada na teia alimentar. Nesse instante, para o cervo, existe só ele e campo, ou ele e crias, ele e manada; nunca ele e dentes rasgando-lhe o pescoço. A vida se passa como se cheia de harmonia e plenitude: a natureza não lhe oferece fartura, mas também não lhe exige mais que dar alguns passos enquanto se alimenta. O sol toca-lhe o couro como a um carinho cândido e despretensioso. Beleza simétrica das ciências exatas.
É um marasmo próximo aos que nos acontecem esporadicamente. Minimalistas, como que enxugamos nossos descomedimentos cotidianos. Deveres nos somem, prazeres também. Pensamentos migram para um ponto de fuga que dá em lugar nenhum. A este estado, só consigo comparar um dia frio de céu azul e sol à vista ou a abstração de uma folha em branco.
Mas num átimo o tigre mostra suas intenções e o cervo retoma seu lugar na teia. De duas, uma: ou este desmaterializa-se em satisfação tigrina ou termina sua fuga triunfal em orgulho próprio e bons genes para as próximas gerações. Não fosse o tigre, o cervo seria só mais uma existência estúpida.
Pois bem. Às vezes o pasto nos cansa e meio que esperamos os felinos. Torcemos para que eles nos apareçam, mesmo que para terminarmos entre seus dentes.
É um marasmo próximo aos que nos acontecem esporadicamente. Minimalistas, como que enxugamos nossos descomedimentos cotidianos. Deveres nos somem, prazeres também. Pensamentos migram para um ponto de fuga que dá em lugar nenhum. A este estado, só consigo comparar um dia frio de céu azul e sol à vista ou a abstração de uma folha em branco.
Mas num átimo o tigre mostra suas intenções e o cervo retoma seu lugar na teia. De duas, uma: ou este desmaterializa-se em satisfação tigrina ou termina sua fuga triunfal em orgulho próprio e bons genes para as próximas gerações. Não fosse o tigre, o cervo seria só mais uma existência estúpida.
Pois bem. Às vezes o pasto nos cansa e meio que esperamos os felinos. Torcemos para que eles nos apareçam, mesmo que para terminarmos entre seus dentes.
sábado, 12 de julho de 2008
Que rabugice que dá...
... ver esteriótipos serem celebrados, louros serem auto-atribuídos...
... as delongas e as posteridadades...
... servir-me de pinico pra bordões disfarçados em sabedoria e não ter nenhum ouvido em troca, mesmo que pra abobrinhas não tão pomposas.
(enfim, são coisas que eu nem precisava ter dito. é só pra deixar registrado no Diário Oficial da União esse momento ímpar que é a tpm, desresponsabilizando-me por danos e furtos.)
... as delongas e as posteridadades...
... servir-me de pinico pra bordões disfarçados em sabedoria e não ter nenhum ouvido em troca, mesmo que pra abobrinhas não tão pomposas.
(enfim, são coisas que eu nem precisava ter dito. é só pra deixar registrado no Diário Oficial da União esse momento ímpar que é a tpm, desresponsabilizando-me por danos e furtos.)
sexta-feira, 11 de julho de 2008
A esperança
... é sempre uma náusea que não se consome.
Haja Eno psicológico pra acabar com ela. E muito estoicismo.
Só o deus do acaso é um deus em que se possa crer.
Haja Eno psicológico pra acabar com ela. E muito estoicismo.
Só o deus do acaso é um deus em que se possa crer.
Falando em espíritas...
... eu torço para que eles estejam certos. TORÇO!
Porque viver seria muito mais inconseqüente. Pensa fazer qualquer coisa e poder voltar e fazer de novo, mesmo se o ato custasse a própria vida. Desde que, é claro, não fosse imposta a pena (que para o espiritismo é uma "dádiva") da desencarnação. Isso aqui seria quase um Hopi Hari de almas!
Mas eu também torcia, aos 5 anos, para que o Papai Noel do ano seguinte não fosse meu tio ou meu avô, e sim o verdadeiro.
Hunf! Contentar-se com 70 ou 80 anos é muito chato!
Porque viver seria muito mais inconseqüente. Pensa fazer qualquer coisa e poder voltar e fazer de novo, mesmo se o ato custasse a própria vida. Desde que, é claro, não fosse imposta a pena (que para o espiritismo é uma "dádiva") da desencarnação. Isso aqui seria quase um Hopi Hari de almas!
Mas eu também torcia, aos 5 anos, para que o Papai Noel do ano seguinte não fosse meu tio ou meu avô, e sim o verdadeiro.
Hunf! Contentar-se com 70 ou 80 anos é muito chato!
terça-feira, 8 de julho de 2008
Pássaro na mão
Mal esperava pelo dia em que alcançasse a misteriosa parte de cima da televisão, onde os pais colocavam todas as coisas perigosas da sala. Alcançou e cansou-se delas.
Aos 12, sonhava com a liberdade que teria aos 18. Junto à maioridade, o primeiro emprego, as primeiras rugas e a liberdade de escolher entre suco de laranja ou limão.
Faculdade... quando viria a alforria? Veio em 5 anos (reprovou no terceiro); levou mais dois para arrumar um emprego que ao menos lhe garantisse férias.
Casou-se com quem pretendia há já ansiógenos 4 anos. Arrumou uma casinha, uns moveizinhos, um carrinho popular, uma dividazinha e um bom tecido adiposo. Mas e os filhos? Os tão esperados filhos...
Vieram às pencas em um intervalo de tempo de uma década. João Pedro, José Paulo, Ana Maria, Maria Carla. Gradação entre chupeta pra Pedro, chocalho pra Paulo, boneca pra Ana, caderno pra Carla. Nada pros pais, que sumiram atrás dos seus mil-e-um papéis assumidos, menos o de serem eles mesmos.
Os filhos cresceram, a dívida estabilizou-se, os peitos caíram e o resto já não sobe nem por reza. No colchão, uma linha divisória invisível - mas efetiva- entre os dois.
Eis que acorda no meio da noite, rememora tudo isso e decide ser espírita. Ahhh... quem sabe na próxima chance prefira brincar com os brinquedos que tem em mãos a ficar desejando o que está em cima da inatingível televisão.
Aos 12, sonhava com a liberdade que teria aos 18. Junto à maioridade, o primeiro emprego, as primeiras rugas e a liberdade de escolher entre suco de laranja ou limão.
Faculdade... quando viria a alforria? Veio em 5 anos (reprovou no terceiro); levou mais dois para arrumar um emprego que ao menos lhe garantisse férias.
Casou-se com quem pretendia há já ansiógenos 4 anos. Arrumou uma casinha, uns moveizinhos, um carrinho popular, uma dividazinha e um bom tecido adiposo. Mas e os filhos? Os tão esperados filhos...
Vieram às pencas em um intervalo de tempo de uma década. João Pedro, José Paulo, Ana Maria, Maria Carla. Gradação entre chupeta pra Pedro, chocalho pra Paulo, boneca pra Ana, caderno pra Carla. Nada pros pais, que sumiram atrás dos seus mil-e-um papéis assumidos, menos o de serem eles mesmos.
Os filhos cresceram, a dívida estabilizou-se, os peitos caíram e o resto já não sobe nem por reza. No colchão, uma linha divisória invisível - mas efetiva- entre os dois.
Eis que acorda no meio da noite, rememora tudo isso e decide ser espírita. Ahhh... quem sabe na próxima chance prefira brincar com os brinquedos que tem em mãos a ficar desejando o que está em cima da inatingível televisão.
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