terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Biodigestor

- Esse torresmo estava muito salgado. Melhor comer um ovo pra esquecer que botei isso na boca.
Se os ingredientes não eram os mesmos, ao menos a cena se repetia, de segunda a sexta, nas manhãs de Norberto Almeida. Seu estômago avestrusco não o impedia de degustar nada, do visco ao acre. Daí o apelido: biodigestor.
Durante o engarrafamento até o trabalho, os chiclés de hortelã, tutti-frutti e... do que é isso mesmo? revezavam em seus molares. Chegando ao escritório, santa Gertrudes já havia preparado o licor matinal:
- Ah! Que café!
Ao meio dia em ponto, seu Bigode já tinha em mente pelo menos um pedido de almoço, mesmo na correria que o horário trazia a seu restaurante.
- Sua moela ao molho já está no fogo, Sr. Almeida.
Amendoim, refresco de uva, bananas passas... Norberto via sua volta do trabalho como um roteiro: seus petiscos eram os pontos turísticos.
Ufa! Nada como chegar em casa, ligar a televisão e dar de cara com a novela, cuja trilha sonora se confundia com a sinfonia da pipoca estourando na panela.
E assim caminhava Norberto Almeida, biodigerindo sua vida.

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