"(...) Portanto, o maior inconveniente de uma democracia, para resumir Tocqueville, é a transformação de uma sociedade em um rebanho obediente, uniforme, de indivíduos não ligados entre si, unicamente ocupados com sua saúde e seu prazer. Com um controle social cada vez mais protetor, infantilizador. Em resumo, é a impossibilidade do aparecimento e do desenvolvimento de individualidades fortes.
Quando elas aparecem, se quiserem sobreviver, se quiserem acabar seus dias em outros lugares que não hospitais psiquiátricos, só têm uma única saída socialmente aceitável: lançar-se em carreira artística.
Em termos artísticos, assim que tentamos agradar, que buscamos o consenso, que nos afastamos do processo simples no qual um artista é direta e pessoalmente responsável por uma obra, caímos inevitavelmente na mediocridade.
Resumindo, a arte tem um funcionamento diametralmente oposto ao da democracia. Assim como para as frustrações ligadas ao desaparecimento das guerras temos o futebol, parece-me que, para as frustrações ligadas ao surgimento da democracia, temos um remédio que é a arte". (...)
Michel Houellebecq no mais! da Folha de hoje.
2 comentários:
Eu sublimo, tu sublimas, ele sublima...
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