sexta-feira, 28 de março de 2008

Pedido de casamento nas veredas do grande sertão

Se verti água

e virei entulho,

só limpo o olho

e passo a régua.


Não me encolho

feito uma velha

que tanto ralha

até da calha.


Se a galinha

dos ovos falha

só pego a linha

lhe rasgo a goela.


Então não queira

mas nem por sonho

ser o meu Tonho

e dar bobeira!


Se tu não preza

a boa prosa

não é comigo

que tu goza.


Nem te agrada

a poesia:

é que apertada

é tua cilha.


Nem dom casmurro,

nem karenina?

Se te faz burro

já não me anima.


Tem bom abrigo?

Tem muita tralha?

Se o gesto falha,

melhor mendigo!


Te boto freio

te tampo as venta

se não te agüenta

tão pra quê veio?


Te meto a rédea

enquanto falo:

se não me calo,

faz menos média.


E me quer junto?

Em ti eu monto!

Na tua tripa

eu lasco ripa.


Não é de mágoa

qu'eu me aninho.

Tomo caminho

e pé na tábua.


E me quer junto?

já não adianta...

Se eras anta,

agora, defunto.

Um comentário: