Será que os animais choram?
Porque qdo eu pensei no desgosto mais amargo do mundo, só consegui defini-lo comparando-o à vida estúpida - tornada estúpida por nós humanos - dos pastejantes. Um eterno mascar de feno. A imagem passou pela minha cabeça, pensei no meu "ultimamente" e me senti uma eqüina. Não égua, mas eqüina, sem antropomorfismos maldosos. E nessa pele senti uma amargura sem diluições, e não consegui chorar: nunca vi lágrima em olhos não-humanos.
A vantagem de passar por isso é saber da capacidade - rara - de sair de si, de usar os sentidos do que é outro. Nesse caso, um outro com pêlos e cascos. Quem sabe fui passiva nessa experiência. Talvez algum animal colocou-se em meu lugar, me invadiu. Ou nós dois criamos juntos um momento só nosso, em que só nós sentimos aquilo. De qualquer forma, houve uma fusão.
Tá, fui longe. Mas isso faz lembrar uma coisa simples. Faz lembrar que o que vale a pena no contato com os outros é esse criar de momentos e espaços únicos. Momentos em que tanto uma quanto outra pessoa (ou outro ser) deixam suas preocupações individuais e compartilham o que estão vivendo, como se tivessem parido uma à outra naquele instante. Ou quando recriam espaços, dando novos sentidos àqueles que, de tão cotidianos, eram despercebidos. É piegas, mas dizem que na amizade e no amor isso acontece.
Qual a relação disso com meu momento eqüino? É que alguns estados de espírito não são transmissíveis às pessoas, pq são únicos demais. Quem em sã consciência compartilharia com alguém a sensação de que a vida é um mastigar eterno do pouco que nos cabe? Só um ser encilhado entenderia. É que em bichos é mais fácil achar essa capacidade de deixar-se um pouco para morar no que vai além de si.
...
Senti como se estivesse mascando, mascando até Zeus sabe quando. E fui me deitar assim, mascando. Quem sabe em sonho esse pasto-mundo não tenha tantas cercas.
Porque qdo eu pensei no desgosto mais amargo do mundo, só consegui defini-lo comparando-o à vida estúpida - tornada estúpida por nós humanos - dos pastejantes. Um eterno mascar de feno. A imagem passou pela minha cabeça, pensei no meu "ultimamente" e me senti uma eqüina. Não égua, mas eqüina, sem antropomorfismos maldosos. E nessa pele senti uma amargura sem diluições, e não consegui chorar: nunca vi lágrima em olhos não-humanos.
A vantagem de passar por isso é saber da capacidade - rara - de sair de si, de usar os sentidos do que é outro. Nesse caso, um outro com pêlos e cascos. Quem sabe fui passiva nessa experiência. Talvez algum animal colocou-se em meu lugar, me invadiu. Ou nós dois criamos juntos um momento só nosso, em que só nós sentimos aquilo. De qualquer forma, houve uma fusão.
Tá, fui longe. Mas isso faz lembrar uma coisa simples. Faz lembrar que o que vale a pena no contato com os outros é esse criar de momentos e espaços únicos. Momentos em que tanto uma quanto outra pessoa (ou outro ser) deixam suas preocupações individuais e compartilham o que estão vivendo, como se tivessem parido uma à outra naquele instante. Ou quando recriam espaços, dando novos sentidos àqueles que, de tão cotidianos, eram despercebidos. É piegas, mas dizem que na amizade e no amor isso acontece.
Qual a relação disso com meu momento eqüino? É que alguns estados de espírito não são transmissíveis às pessoas, pq são únicos demais. Quem em sã consciência compartilharia com alguém a sensação de que a vida é um mastigar eterno do pouco que nos cabe? Só um ser encilhado entenderia. É que em bichos é mais fácil achar essa capacidade de deixar-se um pouco para morar no que vai além de si.
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Senti como se estivesse mascando, mascando até Zeus sabe quando. E fui me deitar assim, mascando. Quem sabe em sonho esse pasto-mundo não tenha tantas cercas.
Um comentário:
O_o
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