quinta-feira, 15 de maio de 2008

Virada Cultural

Eu não ia postar, ficou "jornalístico demais". E aconteceu há um tempo.
Mas a fofíssima pediu, então lá vai:

Os nutricionistas recomendam: quanto mais variado e colorido o prato, maior o valor nutricional. Não seria abuso metafórico usar dessa mesma regra para avaliar a saúde de um povo: a diversidade de manifestações culturais é sinal de robustez de um povo. Nesse sentido, a 4ª Virada Cultural, que reuniu mais de 800 atrações nesse fim de semana em São Paulo, foi um tônico para qualquer alma moribunda.

Exemplos dessa riqueza se mostraram desde o trajeto entre o Mercado Municipal, onde desceram os visitantes maringaenses, e o palco da avenida São João, onde pisaram Cesária Évora, Gal Costa, Mutantes, Zé Ramalho e outros nomes de peso. Só entre os quinhentos metros percorridos entre a Ipiranga e o referido palco, era possível ver bares requintados, salões de beleza populares, cinemas eróticos e a Igreja Internacional da Graça de Deus, de onde o missionário R. R. Soares apresenta o Show da Fé.

A pluralidade cultural faz parte do cotidiano paulistano. E ela foi confirmada nesse evento que reuniu aproximadamente 4 milhões de pessoas, com 26 palcos só no centro. A presença de tribos urbanas distintas não deu origem a nenhum contratempo do porte da Virada do ano passado, quando houve confusão durante o show dos Racionais MC´s. Críticas, talvez aos banheiros químicos, que não impediram que a urina corresse pelas calçadas, e aos problemas inevitáveis a qualquer aglomeração de pessoas.

Entre a multidão que se empurrava e os artistas, organizadores, imprensa, celebridades e convidados desfrutavam de um espaço privilegiado em frente a cada palco. Ali era possível ver, por exemplo, o olhar fixo do cineasta Cao Hambúrguer nos pés descalços de Cesária Évora. A alguns metros dele, uma comissão de cabo-verdianos reverenciava a conterrânea, empunhando a bandeira azul estrelada.

Ouvir de Gal a comparação entre o evento e os festivais de músicas dos tempos do tropicalismo, ver a baterista dos Mutantes enérgica a ponto de quebrar a baqueta, presenciar Arnaldo Antunes descer do palco para conversar com os presentes foram alguns dos momentos ímpares que serão preservados na memória de quem pôde conferir a Virada.

Junto a essas lembranças, fica o desejo de que mais maringaenses compareçam tanto a 5ª edição do evento paulistano quanto àqueles que podemos presenciar em nossa cidade. Eventos como o Femucic e projetos como o Convites à Dança, Convite à Música, Convite ao Teatro, Um Outro Olhar e outras tantas iniciativas que procuram trazer esse clima saudável de diversidade cultural para Maringá não podem ser esquecidos nem menosprezados.

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